terça-feira, março 31, 2009

HISTÓRIA DO RAMO SÊNIOR NO BRASIL

Nos primórdios do Escotismo Brasileiro Sênior ou Pioneiro??
Os seniores realmente custaram a ter seu perfil definido pelos nossos escotistas brasileiros. Na primeira edição do Guia do Escoteiro, escrito pelo Velho Lobo (Almirante Benjamim Sodré), vejam como era feita a apresentação do Ramo, que se confundia em muito com o Ramo Pioneiro.

Na página 472 inicia o capítulo chamado “Pioneiros”e que tem como sub-título “Escoteiros Seniores”. O texto se inicia assim:

“Em geral os escoteiros atingindo 16 ou 17 anos perdem o interesse pelas atividades da Tropa, sentem necessidades de um agrupamento e de um gênero de vida mais consentâneo com a sua idade. Para atender a isso Baden-Powell criou o movimento dos pioneiros (rover scouts)...
...
Pioneiro é o que vai na frente abrindo caminho, desbravando, mostrando a direção a seguir. Um “senior” tem no movimento um papel moral semelhante. Sempre na frente, guia os escoteiros, desvenda-lhes o caminho, é o modelo. Modelo em tudo... ”

Como vêem, o próprio Velho Lobo usava inicialmente como sinônimo os termos “pioneiro” e “escoteiros seniores”, embora a idade seja mais semelhante a que hoje em dia utilizamos para o pioneiro, como vemos na página 477, no item “As Provas”.
“Nenhum rapaz, a não ser em condições excepcionais, poderá ser admitido como pioneiro antes de completar 17 anos”.

Mesmo assim os Pioneiros tinham etapas de classe e patrulhas, como os seniores atuais. Vejam estes textos.

“O grupo é dirigido por um Chefe e subdivide-se em Patrulhas. Cada patrulha é constituída por 4 a 8 pioneiros...”.

“A Lei e a Promessa são como para os Escoteiros.
A divisa: Servir!!
Os pioneiros são classificados em 2ª e 1ª classe...”

“Os pioneiros além das especialidades escoteiras, com programas um pouco mais desenvolvidos, podem obter as seguintes, caracteristicamente pioneiras:
a) excursionista...;
b) instrutor em especialidades escoteiras...;
c) Pioneiro da Pátria...;
d) Corrêa de Mateiro.”

O Escoteiro da Pátria inicialmente era a mais alta conquista feita por um escoteiro. Por isso sua cor é verde, a cor do Ramo Escoteiro, e não grená. O distintivo de Pioneiro da Pátria possuía um friso vermelho ao redor do distintivo de Escoteiro da Pátria. Depois, quando o Ramo Sênior se separou definitivamente do Ramo Escoteiro, na década de 70, foi criado o distintivo de Lis de Ouro para os escoteiros, e o Ramo Sênior continuou com o Escoteiro da Pátria, mantendo a tradicional cor verde.

A Correia de Mateiro, posteriormente transformada em Insígnia de Modalidade utilizada pela Modalidade Básica era assim, como vemos, inicialmente uma Insígnia Pioneira, não prevista para escoteiros e era concedida aos pioneiros (escoteiros seniores) que tivessem a 1ª classe e fosse pioneiro instrutor nas especialidades escoteiras de acampador e naturalista (ou observador) e uma das seguintes: astrônomo, meteorologista ou mateiro, sendo já na época um cordão de couro usado no ombro direito.

Mesmo com patrulhas e classes, contudo, o ênfase deste antigo ramo era o serviço. Vejamos algumas sugestões de atividades para os Pioneiros, encontrados no mesmo capítulo do livro.
“2 - Serviços públicos: aperfeiçoar os conhecimentos sobre socorros de urgência, organizar serviços de auxilio aos bombeiros, polícia, beneficências, postos de salvamento, semafórico, vigilância da costa, etc; ...
5 - Assistência aos sentenciados e aos liberados condicionais: visitas e assistência moral aos presos; colocação de trabalhos destes no comércio; obtenção de trabalho para os liberados e fiscalização de sua conduta quando restituídos a vida civil.”

Na época o Velho Lobo ainda descreve a cerimônia de investidura pioneira, destacando a importância da Vigília, tal qual mantém-se até os dias de hoje ligada ao ramo pioneiro.

Outras características do Ramo Pioneiro que se mantém até hoje são a cor vermelha e o uso, no lugar do bastão usado pelos escoteiros, de uma “bengala longa terminada em y”, ou seja, a atual forquilha.

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